Fechado há 20 anos, prédio icônico de Curitiba será revitalizado com moradias por temporada
27/08/2020 - Investimento | Viva Curitiba
Por Sharon Abdalla
Imagem: Divulgação
Após permanecer por quase 20 anos fechado, o edifício que abrigava o hotel Eduardo VII, localizado na região do centro histórico de Curitiba – na esquina da Marechal Floriano Peixoto com a Rua Cândido de Leão –, será revitalizado. A iniciativa é da VR Investimentos que, em parceria com a Housi, pretende dar vida nova aos antigos quartos do icônico imóvel transformando-os em ambientes modernos voltados à locação por temporada.
"Esse imóvel foi adquirido pela nossa família há muitos anos. De lá para cá, tivemos várias ideias sobre o que fazer nele, muitas das quais foram superadas ou descartadas. No final do ano passado, decidimos incorporar, uma vez que já trabalho nesta ramo de gestão e planejamento imobiliário há mais de dez anos. Buscamos unir a história do edifício com o que existe de mais moderno em termos de conceito de moradia", conta Luiz Fernando Antunes, sócio-diretor da VR Investimentos, ao destacar a parceira com a Housi, plataforma de serviços de moradia por assinatura, para o desenvolvimento do projeto.
Foto: Washington Cesar Takeuchi/Reprodução | Washington Takeuchi
"É uma moradia flexível. [A pessoa] pode morar no prédio por um mês, três meses, três anos, [desfrutando] de serviços que geram uma experiência muito superior e mais tempo, pois ela não precisa se preocupar com afazeres domésticos, pacotes de operadoras de serviços. Nós resolvemos tudo para ela", explica Alexandre Frankel, CEO da Housi.
Revitalização
No Viva Curitiba, nome como foi batizada esta nova fase do antigo Eduardo VII, e anterior Lord Hotel, essa experiência se dará, também, pelo valor histórico da edificação, que será enfatizado no processo de revitalização.
Cadastrado como Unidade de Interesse de Preservação (UIP), o edifício erguido na década de 1950 pelo empresário libanês Miguel Calluf, com projeto do engenheiro Ralf Leitner, já foi considerado um dos mais importantes e luxuosos da cidade, tendo como inspiração o Flatiron Building, primeiro arranha-céu de Nova York, e materiais e equipamentos importados dos Estados Unidos para sua construção.
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Com linhas de art déco, a fachada envidraçada, por exemplo, será mantida e revitalizada para que danos em sua estrutura, decorrentes da ação do tempo, sejam reparados. "A cor também será mantida. Apenas a marquise do térreo será modificada, pois ela não é original, data dos anos 1990, e substituída por uma estrutura mais leve, em metal e vidro", detalha a arquiteta Ivilyn Weigert, que há cerca de dez anos trabalha no processo de revitalização do espaço.
Ela conta que, internamente, boa parte da estrutura, como os pisos originais, em taco, e também peças de mobiliário serão revitalizados e utilizados no novo layout dos ambientes. Toda a estrutura elétrica e hidráulica, no entanto, foi refeita. Outras mudanças, como a substituição dos tacos em madeira por outro tipo de revestimento, possivelmente o porcelanato, nos corredores respondem a questões de segurança, como as normas para a obtenção do alvará de vistoria dos bombeiros.
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Para atender às necessidades contemporâneas de habitação, outras mudanças também foram necessárias. Alguns dos apartamentos terão duas de suas plantas unidas para a obtenção de áreas privativas maiores, o que fará com que o número de unidades passe das cerca de 180 para as atuais 144. Todas elas também receberão a inserção de uma pequena copa, com pia e fogão elétrico, o que demandará a redução da área do banheiro de algumas das unidades. Todos os andares contarão, também, com unidades adaptadas aos portadores de necessidades especiais (PNEs).
"Moderno e descolado"
Com design atual, pensado para trazer praticidade e funcionalidade aos moradores, o projeto de interiores dos apartamentos terá linguagem contemporânea, com paleta neutra e muito uso da madeira.
"O projeto tira partido do que tem que se preservar e valoriza essa preservação, unindo-a com a parte moderna. O grande desafio é esse: conseguir fazer a união do projeto novo preservando o antigo, para que o usuário vivencie isso. Queremos que ele tenha a experiência do antigo hotel, mas inserido em um ambiente moderno e deslocado", pontua o arquiteto Leonardo Cabral, que assina o projeto de interiores do Viva Curitiba juntamente com a equipe interna da Housi.
Imagem: Divulgação
A mesma linguagem estará presente nos espaços comuns. Além do restaurante, que deverá contar com peças de mobiliário antigas e recuperadas, e de uma possível área expositiva, o que se verá será uma mescla bem equilibrada dela com revestimentos e estruturas históricas do prédio, evidenciadas pela composição e também com recursos de iluminação. Academia, lavanderia, bicicletário e salão de festas estão entre as áreas comuns ao uso dos moradores.
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Além delas, e também abertas ao público externo, estão previstos um coworking, café, o restaurante e um rooftop com estrutura de serviço. "A visitação ao terraço foi uma premissa da prefeitura. Ele tem uma das vistas mais bonitas da cidade, pois de lá é possível ver a Serra do Mar, o skyline de Curitiba, a Praça Tiradentes, a linha do Centro Cívico, a Igreja do Rosário", enumera Ivilyn.
O Viva Curitiba está em fase de pré-lançamento. A previsão é a de que a revitalização tenha início em cerca de 30 dias, com prazo de obra estimado em 18 meses."
Matéria publicada na Haus/Gazeta do Povo
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